Abulafia
Abraham Abulafia é um dos meus personagens favoritos no campo do misticismo judaico. Em primeiro lugar, porque temos apenas a data de nascimento dele (1240, em Zaragoza, na Espanha), mas não a sua data exata de morte, que acredita-se que teria sido em algum momento depois de 1291, na ilha de Comino, arquipélago de Malta (eu pessoalmente, no entanto, gosto de nutrir a fantasia de que ele teria sido arrebatado ainda vivo, no estilo de Enoque e Elias). Em segundo lugar: como não amar um sujeito que viajou até Roma para tentar converter o Papa ao judaísmo?? O Papa em questão – Nicolau III, à época – estava na cidade de Suriano e, quando teve notícia dos planos de Abulafia, deu ordens para “queimarem o fanático” assim que ele chegasse – porque era óbvio que ele seria preso e queimado, sendo um judeu em pleno medievo com esse grau de chutzpah. Só que Abulafia se safou, porque Nicolau III morreu de derrame antes que ele chegasse à cidade, já com tudo preparado para fazerem a fogueira. Voltando à Roma, nosso intrépido rabbi ficou preso durante algumas semanas, mas foi liberado. E, bem, se eu fosse o pessoal do Vaticano, eu não brincaria com esse cara.
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